O poder que agrada a Deus

“Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.” (Marcos 10:43-45)

“Entre vocês não pode ser assim...” Jesus se refere aos governadores dos povos pagãos, que tinham autoridade sobre o povo. Os governadores podem dar ordens na certeza de que o povo irá obedecer, caso contrário, os meios necessários serão utilizados para coagir o povo à obediência. Entretanto, a lógica do Reino de Deus é completamente oposta à nossa, e Jesus ensinava aos discipulos que entre nós não é assim. Na cultura do ser humano, existe algo que denominamos hierarquia de poder, ou seja, níveis em que os homens gostariam de estar, em cada nível nós exercemos mais poder, e isso aguça a nossa ambição e inveja, não obstante, passamos boa parte do nosso tempo agindo em prol desse objetivo, de conquistar o poder, de ter autoridade e de ter o direito para dar ordens. A escolha da nossa profissão, as nossas atitudes e várias outras coisas estão ligadas ao desejo que temos de estar em evidência, no topo, para exercer poder.

No Reino de Deus as coisas são invertidas, não que o Reino de Deus esteja errado, o nosso reino é que está, pois ele é dominado por satanás, que é adversário de Deus e por isso nós estamos sob o domínio do pecado, mas graças a Deus por Cristo que nos livrou do reino da morte. “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor;” (Hebreus 12:28) e existem várias maneiras de servir a Deus em nosso dia-a-dia. Ajudar um cego a atravessar a rua, ao invés de esperar que ele se vire sozinho, fazer pequenos favores para os colegas de trabalho sem esperar nada em troca, ceder o banco do ônibus para outra pessoa e não fingir que não está vendo-a, e por aí vai.

No entanto, existem algumas maneiras de servir a Deus que poucos aceitam como serviço. A intercessão é uma delas. O ato de interceder é colocar-se entre Deus e a pessoa para pedir algo a favor dela, é se preocupar com as causas da pessoa a ponto de humilhar-se na presença de Deus por causa disso. A intercessão é necessária, Abraão, por exemplo, intercedeu por Ló e este foi livrado do castigo de Deus, inflingido nas cidades de Sodoma e Gomorra. Deus ouve o clamor dos intercessores e aceita isso como serviço, afinal de contas, quando oramos a favor de alguém estamos suportando a necessidade dessa pessoa, ou seja, estamos dando suporte, e para suportar alguém é preciso ficar embaixo dela para projetá-la rumo àquilo que Deus quer. Ficar embaixo parece humilhante, pois é dar um passo para trás na hierarquia, mas para Deus é agradável.

Deus se agrada em ver seus filhos se humilhando em sua presença a favor de seus irmãos e irmãs, Deus se agrada em ver seus filhos servindo aos outros, organizando eventos que levem a igreja para a oração, cozinhando para o perdido nos bastidores dos acontecimentos. As pessoas que receberão mais honras diante de Deus não serão aquelas que foram honradas em eventos ou louvadas em público, diante de Deus, as pessoas que receberão honras serão aquelas que ninguém viu, aquelas que fizeram o bolo da vigília e não aquelas que pregaram diante de multidões, serão aquelas que cozinharam para a festa e não aquelas que subiram no palco, são aquelas que limparam o chão, lavaram o banheiro e ficaram até mais tarde lavando as louças. Limparam o chão antes dos convidados chegarem, lavaram o banheiro para os outros sujarem e lavaram a louça para manter tudo em ordem. Não há nada de admirável nisso, não em nosso mundo, porque no Reino de Deus isso é poder e é desse poder que Cristo nos fala, é essa atitude que Ele espera de nós e nisso que deveríamos estar focados, nos bastidores dos acontecimentos, na intercessão das madrugadas, nos jejuns pelo povo e na projeção dos outros.

Em Cristo,

Allan.