Sem atalhos para boas idéias



EM ÚLTIMA instância, parece que a idéia popular do cristianismo é simplesmente essa: que Jesus Cristo não passou de um grande mestre da moral e que, se seguíssemos os seus conselhos, já estaríamos em condições de estabelecer uma melhor ordem social e evitar outra guerra. Isso é bem verdade, mas essa história está longe de contar toda a verdade acerca do cristianismo e não tem a mínima importância prática.
É verdade que se seguíssemos os ensinamentos de Cristo, estaríamos vivendo num mundo melhor. Você nem sequer precisa ir tão longe quanto Cristo. Se todos nós tivéssemos feito o que Platão, Aristóteles ou Confúcio nos ensinaram, então estaríamos avançado de forma um pouco menos desastrosa. Mas, e daí? Nós nunca seguimos o conselho dos grandes mestres mesmo! Por que deveríamos começar agora? Por que seria mais provável seguir a Cristo do que a qualquer um dos outros? Seria porque ele é o maior mestre de todos? Mas isso torna ainda menos provável sermos capazes de segui-lo. Se não aprendemos as lições elementares, seria possível encarar as mais avançadas? Se o cristianismo não significa mais do que um conjunto de bons conselhos, então o cristianismo não tem importância alguma. Não estamos sofrendo de falta de bons conselhos nos últimos quatro mil anos. Um pouco mais não faria diferença alguma.
Dois esclarecimentos

A primeira coisa a se esclarecer no cristianismo quanto à moralidade interpessoal é que, nesse particular, Cristo não veio para pregar nenhuma moralidade totalmente nova. A regra de ouro do Novo Testamento (“faça aos outros o que gostaria que os outros fizessem com você”) é um resumo do que todo mundo, no fundo, sempre soube ser certo. Os verdadeiros grandes mestres da moral jamais introduziram novas moralidades: só os charlatães e excêntricos fazem isso. Como dizia o Dr. Johnson: “As pessoas precisam com mais freqüência ser lembradas do que ser instruídas”. A verdadeira tarefa de todo mestre da moral é continuar nos trazendo de volta, de tempos em tempos, aos velhos e simples princípios que fazemos questão de não enxergar. É como levar um cavalo sempre de volta ao obstáculo que ele se recusou a pular, ou uma criança de volta ao ponto da lição do qual ela tentou se esquivar.
A segunda coisa a esclarecer é que o cristianismo não tem, e não professa ter, um programa político detalhado a ser aplicado em uma sociedade particular num determinado momento sob a bandeira do “faça aos outros o que gostaria que os outros fizessem com você”. Nem poderia ter. Ele se destina a todas as pessoas, de todos os tempos, e o programa mais adequado para um lugar e um tempo pode não ser para outro. Enfim, não é assim que funciona o cristianismo. Ele manda alimentar os famintos, mas não oferece aulas de culinária. Ele manda ler as Escrituras, mas não dá lições de hebraico e grego, nem mesmo de gramática da sua própria língua. [O cristianismo] nunca pretendeu substituir ou anular as artes e as ciências humanas; é, antes, como um diretor que encaminha os alunos para as tarefas certas e como uma fonte de energia que dá nova vida a todos, se ao menos nos colocarmos à sua disposição.

C.S Lewis - Cristianismo Puro e Simples.

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27 - Gaj - casa do Kim - 20h

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