Sermão Pregado na JOCUM - 22/10/2010

Introdução:

“Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.” Jonas 1:3

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Uma das características mais vistas e menos comentadas a respeito da bíblia é sobre a humanidade contida nela. As páginas das Sagradas Letras estão repletas de humanidade, estão carregadas de marcas dos homens que são registrados nelas e que as escreveram.

A bíblia é um compêndio de livros de arquétipos, que formam uma grande novela da história humana.

Jonas retrata a muitos de nós e revela em suas atitudes e motivações o perfil social de muitos homens que compõem a sociedade dos dias atuais, inclusive ministros do evangelho ou cristãos nominais.

É um pouco incomum para nós, imaginar as tensões pré menstruais de Sara, ou Raquel ou Rebeca, mais incomum ainda pensar na hipótese de Jesus ir ao banheiro, arrotar e Paulo usar óculos. Porém, todas essas coisas são reais, ainda que não estejam registradas na bíblia.

Transição: Jonas recebeu uma ordem da parte de Deus e, normalmente, a atenção está voltada para a sua desobediência. Numa demonstração de senso moral elevado, o acusamos de ser negligente e dissimulado, alguns se referem a ele como um profeta fujão, sem levar em consideração as implicações de tais afirmações e da situação em Jonas estava.

1° Desenvolvimento – O coração de Jonas: Verso 2: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.

Quem eram os Ninivitas e porque Jonas não aceitou a sua missão? Nínive era uma das capitais do Império Assírio e, nos bons tempos desse império, uma das grandes cidades do mundo. Nínive era situada no que é hoje o norte do Iraque. (Ninrode – Gn 10:11). Em 721 a.C. os assírios acabaram com o Reino do Norte.

• A Assíria foi o símbolo do terror e da tirania no Oriente Próximo por mais de três séculos. Os assírios eram guerreiros cruéis que conquistavam cidade após cidade, nação após nação. Devoraram territórios como doce, finalmente reinando sobre toda a Síria e Babilônia.

O livro do profeta Jonas foi escrito cerca de 40 anos antes de a Assíria levar cativo o Reino do Norte, Israel. No entanto, os Assírios sempre foram inimigos dos Israelitas e Jonas era um profeta de Israel.

Como os Ninivitas lidavam com seus inimigos? Com muita crueldade, uma das práticas mais terríveis e mais conhecidas de todos os povos inimigos era uma técnica chama empalhamento. Essa técnica consistia em tornar o inimigo um espeto vivo que agonizava até a morte, o espeto gigante era introduzido pelo ânus até atravessar a boca da pessoa, depois o espeto era enterrado com a pessoa viva, que esperava a torturante morte.

Assim, concluímos que Jonas tinha duas grandes razões para se dispor para ir à Társis. A primeira delas era a motivação do seu coração, que está expressada no último capítulo do livro: (Verso 2, Cap. 4) > “E orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.”

Jonas odiava os Ninivitas, primeiro por considerá-los uma raça pagã e idólatra e segundo por serem inimigos declarados de Israel. A segunda razão para a indisposição de Jonas em anunciar o juízo sobre Nínive era o medo. Ele sabia que Deus era misericordioso, mas também sabia que os Assírios eram cruéis.

Contudo, creio que havia no coração de Deus um propósito maior do que o texto nos mostra. Por inferência é possível assimilar algumas idéias e fazer algumas afirmações possíveis. Deus é soberano e determina todas as coisas. Assim como o Senhor endureceu o coração de Faraó para que Sua Glória fosse vista, Deus pode ter endurecido o coração de Jonas, levando-o à desobediência para que o evangelho fosse pregado em Társis (Jonas 1:10 e 14).

O livro de Jonas é muito pouco explorado em sua amplitude e profundidade, além do impacto que ele tem em nossas vidas, por ser um tipo que se identifica com muitos homens.

No entanto, a principal abordagem que quero fazer nessa noite é quanto ao nosso senso moral que nos leva a colocar Jonas numa esfera muito distante de nós, quando, na verdade, as suas atitudes e sentimentos mostram que somos muito parecidos com ele.

Transição: O profeta Jonas é um tipo oposto de Jesus Cristo. João 4:34 Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.

2° Desenvolvimento – Jesus, o obstinado servo: Em contrapartida temos um carpinteiro, pobre, simples e que viveu num tempo diferente de Jonas e dos nossos que nos revela a glória do Pai. Um carpinteiro que cabalmente cumpriu a sua missão, sem sequer pensar em desistir.

O mesmo Deus que enviou Jonas para pregar aos inimigos Ninivitas, dando-lhes a oportunidade de se arrependerem, também enviou seu filho amado para os braços de seus inimigos. Jesus, como um herói, ao contrário de Jonas, foi de encontro à sua morte em Jerusalém.

Nos dias da igreja primitiva os judeus pediam um sinal e os gregos sabedoria (filósofos), “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios;” (1 Coríntios 1:22,23).

Jonas tinha dúvidas quanto à sua tortura, Cristo tinha certeza. Jonas Fugiu, Jesus foi de encontro com a morte. Jonas se dispôs para ir a Társis, Jesus Cristo pediu para que a vontade de Seu Pai prevalecesse sobre a dele e decidiu morrer da forma mais cruel dos dias em que encarnou-se. Morreu como o pior dos criminosos, não tendo cometido nenhum crime.

Levou sobre si as minhas culpas, derramou o seu sangue para anular a minha transgressão e me convenceu dos meus pecados. Pela sua morte me tornou vencedor, sem eu sequer ter me disposto a receber sua salvação. Me tornou seu amigo, uma vez que eu era seu pior inimigo, odiador dele e rebelde a Deus.

Aplicação:

1. A vontade de Deus é imutável, ela será cumprida, nem que para isso Ele discipline seus filhos.

2. Deus tem propósitos muito maiores do que conseguimos imaginar e está constantemente fazendo com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam. O Senhor está no controle de nossas vidas, em todas as situações.

3. A única coisa que Jesus requer de mim, é disposição para seguir seus passos, negando a mim mesmo e carregando a minha cruz, dia-a-dia.

4. Jesus nos desafia a proclamar o evangelho aos nossos inimigos e pagar-lhes o mal com o nosso bem.

Nós precisamos viver sob o Senhorio desse herói que pagou por um delito que não cometeu e sofreu torturas que não merecia, ele assinou na cruz do calvário a nossa carta de alforria, o seu carimbo foi o seu próprio sangue. (Está consumado = Pago, Quitado).