A consciência projetada nos outros

Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. (João 8:7)

Há um comportamento fariseu em todos nós. Os fariseus eram os religiosos ortodoxos e fundamentalistas dos tempos de Jesus. Eram estudiosos da lei de Moisés e viviam uma religião bastante legalista. Pregavam aquilo que não viviam e viviam aquilo que não pregavam. Ou seja, eram hipócritas na sua maneira de viver, diferente daquilo que diziam crer. A postura deles não era condizente com suas palavras, eles não praticavam as obras que diziam ser correto praticar.

Nessa parte das Sagradas Escrituras, encontramos uma história que diz respeito a muitos de nós. “Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.” (Versos 3 e 4). A mulher pega em adultério era a Maria Madalena, que depois desse acontecimento se tornou uma seguidora do Messias. A atitude dos religiosos revelam um comportamento comum à nós.

A acusação e projeção é uma característica de todo ser humano. Adão projetou sua culpa em Eva e a acusou de seus próprios erros. Assim, concluímos que, diante de uma situação que nos traz medo, temos uma tendência carnal de projetar os nossos erros e falhas nos outros. Normalmente, fazemos isso nas pessoas que amamos ou que, de alguma forma, nos representam perigo. Os homens apanharam uma mulher em adultério e a trouxeram a Jesus, em partes para fazer justiça (verso 5), em partes para colocar Jesus à prova (verso 6).

No entanto, Jesus não se deixou levar pelo apelo da multidão e respondeu-lhes, de maneira que, a sua própria consciência os acusasse (verso 9). A consciência é a nossa maior amiga e maior inimiga. Ela revela a lei cravada em nossos corações (Romanos 2:15). O apóstolo Paulo diz que é “bem aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova.” (Romanos 14:22). A nossa consciência é nos dada por Deus e serve de auxilio para discernimos o que é certo, do que é errado. O Espírito Santo usa a nossa consciência para nos convencer de pecado, derramar arrependimento, nos fazer pensar e raciocinar.

Portanto, as pedras que lançamos são a nossa consciência projetada e personificada. Aqueles homens tinham em mãos os seus próprios pecados, numa tentativa tola de esconder a sua falha evidenciando a falha dos outros, eles apelaram para a justiça própria, sendo que, eles mesmos eram injustos e falhos. Jesus apenas disse que se eles não tivessem pecados, que eles atirassem a primeira pedra. Todos ficaram na expectativa para ver quem seria o corajoso que assumiria a ousada postura de afirmar que era justo o suficiente para começar o julgamento, até que, um a um saiu daquele local (verso 9).

Normalmente, fazemos a mesma coisa. Tememos aquilo que somos. Se somos infiéis, temos medo de ser traídos, se mentimos, temos medo de ser enganados. O nosso eu se configura em pedras que lançamos nos outros. Acusamos as pessoas justamente daquilo que temos medo de cometer com elas, ou até, que estejamos cometendo. Um esposo adúltero, por exemplo, sente muito ciúmes e desconfiança de sua esposa, isso se dá por causa da consciência dele, que o acusa constantemente. Nos escondemos por trás de acusações aos outros que, quase sempre, não têm culpa de nada.

As pedras que estão em nossas mãos são os nossos erros sendo lançados nos outros, numa tentativa de: 1) Satisfazer a nossa justiça própria - por causa da consciência que nos acusa e nos diz que estamos errados e, por isso, “alguém” deve pagar o preço, sendo que, nós temos a culpa e merecemos o castigo; 2) Ao acusar alguém, estamos comunicando que somos melhores do que aquela pessoa (Somente o Justo pode julgar o injusto) – Acusamos, fofocamos, falamos mal ou criticamos as pessoas, por medo de que descubram quem somos, com isso, colocamos em vista o erro dos outros, para que as atenções nunca sejam voltadas a nós, ou ainda, fazemos isso por medo de descobrirem quem somos e assim perdermos o “status” ou a “boa imagem”, em outras palavras: Usamos máscaras.

Existe, porém, um caminho bíblico para se livrar disso. Devemos compreender que somos incapazes de enxergar os nossos erros à luz de nós mesmos, só conseguimos ver quem somos à luz de alguém melhor do que nós. Um encontro com Deus, diariamente, ajuda muito. Deus é santo e ao nos encontrarmos com Ele percebemos a nossa sujeira, que é posta na luz (Deus é luz e Nele não há trevas – 1 João 1:5). Por isso, precisamos da presença do Espírito Santo que, sonda o nosso coração, vê se há em nós algum caminho mal e livra-nos para o caminho bom (Salmo 139). Somos conhecidos integralmente pelo Senhor e ninguém melhor do que Ele para dizer quem somos.

Um dos indícios de distanciamento do Senhor é enxergar as falhas dos outros. Todos aqueles que caminham perto de Deus não conseguem ver outra coisa a não ser a sua própria e pessoal “imundícia”. Assim, outro passo para nos livrar da hipocrisia é olhar para nós com sinceridade e humildade, admitir quem somos, pedir para Deus nos ajudar e confessar os nossos pecados, crendo que, “Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9). Além desses dois passos, existem outros, como por exemplo: Confiar na justiça de Deus; avaliar a qualidade das pessoas; orar pela melhora em áreas que os outros precisam melhorar, sem antes, orar pelas nossas próprias debilidades; etc.

A consciência corrompida torna todas as coisas impuras, “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas.” (Tito 1:15) "Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal." (1 Pedro 3:14-17).

Em Cristo,

Allan Dias Velasque.

4 comentários:

  1. "... desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitam à que vem de Deus." Rm 10:3.

    Que Deus nos dê graça e nos ajude a sermos sinceros e sem máscaras com nós mesmos, para que assim, nos sujeitemos a vontade e justiça dEle.

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  2. Portanto, és indesculpável, ó homem, qdo julgas, quem quer sejas, pq, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as coisas que condenas....Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus

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  3. Glorificado seja o Senhor por essa palavra.

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