Em busca da maioridade em todas as áreas da vida

É engano nosso pensar que a conversão é um processo instantâneo de mudança de atitudes. Realmente, converter-se é mudar de vida, é nascer de novo, é morrer para o mundo e renascer para o Reino. As coisas velhas já se foram e agora somos novas criaturas. Contudo, não há automatização de uma série de coisas que esperamos que haja. Ou seja, nem tudo é automático na conversão. A santidade, por exemplo, é um processo que acontece por toda a vida. A luta contra o pecado também. O que a conversão gera é o reconhecimento da nossa condição e a compreensão de que somente o Senhor pode transformar a nossa história. Entre outras coisas, admitimos ser incapazes de operar mudanças significativas sem a ajuda do Senhor, principalmente aquelas que dizem respeito à nossa relação com Ele.

Paulo diz que quando era menino, pensava como menino. Nós também, somos como meninos ao nascermos de novo. Somos crianças espirituais, que agora precisarão aprender a andar como filhos de Deus, falar como filhos de Deus e viver como filhos de Deus. Uma das primeiras atitudes de um novo convertido é o evangelismo, ficamos tão empolgados com a idéia toda e tão animados com o fato de termos sido salvos que naturalmente compartilhamos aquilo que acabamos de descobrir, a salvação. Porém, por mais que façamos o evangelismo com amor e dedicação, não quer dizer que fazemos do jeito certo.

Assim como aprendemos a escrever quando nos tornamos alunos, precisamos aprender a ser discípulos de Jesus. O fato de eu ainda não saber escrever, não tira de mim o título de estudante. Da mesma forma, o fato de eu não saber a maneira de fazer algumas coisas depois que me converto, não me torna bastardo. Somos filhos de Deus, mesmo não sabendo escrever. O objetivo de estudarmos numa escola é um dia nos tornarmos adultos formados. O objetivo de nos matricularmos na escola da fé, é um dia nos tornarmos santos. A formação vem junto da maioridade e a perfeição vem junto da glorificação. A nossa esperança, portanto, está no fim e não no meio, está em quem seremos e não em quem somos.

Temos que aprender a desenvolver todas as áreas de nossas vidas. Sabemos que o namoro deve honrar ao Senhor. Se formos solteiros e nunca namoramos depois de convertidos, então formaremos uma série de teorias a respeito de como deve ser o namoro, somamos isso a um senso de moralidade pessoal + um pouco de prepotência = Fracasso. Pensamos que seremos capazes de assumir um relacionamento e, sobrenaturalmente, ser absolutamente diferentes do que éramos no passado. Isso não é verdade. Assim como não sabíamos evangelizar no começo, também não sabemos fazer outras coisas.

Tudo o que é novo na caminhada cristã, requer aprendizado e precisa ser encarado como uma nova fase a ser desenvolvida. É possível que um crente maduro em diversas áreas não saiba pregar em público ou um pregador experiente não saiba pedir perdão para a esposa. O tempo significa bastante, mas o maior indicativo de maturidade, segundo a bíblia, é ser experimentado em todas as coisas. Precisamos ser experimentados. Podemos subir num púlpito e cantar com paixão e sinceridade, o que não significa que fizemos do modo certo. Precisamos dia-a-dia ser lapidados em todas as coisas. Quanto mais nos expomos ao erro, tentamos acertar e nos disponibilizamos para o aprendizado, maiores na fé seremos.

Eu tenho pensado nisso por esses dias. Um misto de vaidade, orgulho, auto-suficiência e prepotência me acomete constantemente. Pensamos ser capazes de produzir santidade por nós mesmos. Acreditamos que seremos diferentes num namoro, sem nunca ter namorado. Mas não seremos! Aprenderemos a fazer como Deus quer que façamos. Caso contrário, deixaremos o nosso instinto natural agir e faremos as coisas baseados naquilo que sabemos, faremos como sempre fizemos no passado. Não podemos utilizar as velhas armas para um combate novo. Criamos maus hábitos que precisam, em primeiro lugar, ser desfeitos.

Jesus disse que não há como colocar vinho novo em odres velhas. Assim, devemos abandonar as velhas odres, adquirir novas e esperar pelo vinho que sai da fonte de Deus. É esse vinho que irá saciar-nos, no entanto, ele só virá quando formos experimentados. Quando tivermos errado o suficiente para aprender a acertar do jeito de Deus. O Senhor não desperdiça os nossos fracassos, antes, Ele os usa para Sua própria glória. Sansão matou mais homens em sua morte do que em sua vida. Para Deus não fazia diferença se Sansão havia errado muito ou pouco, mas para Sansão fez toda a diferença a quantidade de erros que ele cometeu.

Recebemos a consciência do que é certo e do que é errado ao nos converter e a prática nos dará maturidade, praticar o certo ou praticar o errado vai determinar o nosso crescimento ou a nossa inércia. Devemos aprender a usar as nossas falhas em convergência àquilo que Deus quer de nós. Pedro, depois de ter caminhado lado a lado com Jesus durante três anos, andar sobre as águas e ter visto milagres, feitos, prodígios, sinais e multiplicações, reagiu de imediato ao soldado que foi prender Jesus cortando sua orelha, em seguida negou ao Mestre três vezes. Contudo, depois desses erros ele amadureceu o suficiente para ser o apóstolo que foi e mesmo sendo um apóstolo influente continuava a aprender diariamente, inclusive, quando Paulo o confrontou publicamente por sua hipocrisia.

Que o Senhor nos ajude a experimentar todas as áreas de nosso caráter e parar de pensar como meninos em cada esfera da vida. Enquanto não aprendermos do jeito certo, não sairemos do mesmo degrau. Conheço pessoas que estão com as mesmas histórias há anos, isso é um forte indício de áreas que estão inertes. Com o tempo e com a prática ficaremos sempre melhores, até chegarmos ao topo da escadaria que tem a “estatura de varões perfeitos” como prêmio dessa escola da fé. Como disse Martin Luther King: “Eu sei que não sou aquilo que eu deveria ser, mas louvo a Deus por não ser mais o mesmo que fui ontem.”

Em Cristo,

Allan.