Sermão pregado 25 de julho de 2010

A igreja vive em dias de fome espiritual e frouxidão moral. Tempos difíceis têm afligido homens e mulheres que anseiam viver uma vida piedosa. Seguir a Jesus em nossos dias requer mais do que coragem, requer disposição. Precisamos estar dispostos a viver o que ninguém vive, falar o que ninguém quer escutar, dizer sim quando todos dizem não e dizer não quando todos dizem sim.

As multidões estão famintas da verdade, todos os oprimidos e necessitados têm sede de justiça. O povo espera ansiosamente por alguém que se levante para salgar e iluminar a terra. Assim como na multiplicação de pães e peixes no deserto, ainda hoje as multidões querem comer e saciar sua fome. Na ocasião da multiplicação, o povo tinha fome de comida, nos dias de hoje, além da fome de comida, o mundo está faminto por respostas.

O nosso país é politicamente corrompido, socialmente imoral e com a estrutura familiar desajustada. As pessoas, como no tempo de Jesus, continuam a andar como ovelhas sem pastor e os campos continuam brancos, prontos para a colheita. Ainda hoje faltam trabalhadores para ceifar a seara.

Crianças são abusadas a cada três segundos, e mais crianças são abortadas no mesmo espaço de tempo. Vários pais estão perdendo seus filhos na fila de espera dos hospitais. Os presídios estão superlotados, os orfanatos não têm mais capacidade para acolher meninos e meninas, as prostitutas estão se tornando profissionais do sexo e os homossexuais estão pastoreando igrejas.

Ministros andam de jatos que custam mais de 40 milhões de dólares enquanto os membros das igrejas estão com suas dispensas vazias. Esposas traem deliberadamente seus maridos e filhos se entregam as drogas como resultado dos conflitos entre seus pais.

O cigarro mata mais pessoas do que o câncer, no entanto, existem países em que ele é liberado para crianças menores de dez anos. A bebida alcoólica é a maior causa nos acidentes de trânsito e também a maior patrocinadora dos programas televisivos. Em nosso país uma mulher que fez filmes pornôs com menores de idade é hoje a rainha dos baixinhos. Os meios de comunicação de massa erotizam a cabeça dos nossos filhos e o cinema sodomiza seus corpos.

Diariamente centenas de famílias ficam desabrigadas, uma parte pela destruição das enchentes, outra parte por não terem dinheiro para pagar o aluguel. O cenário é caótico. Vários questionamentos são levantados, várias pedras estão clamando. Pessoas sem nenhum compromisso com a Verdade do evangelho estão sendo levantadas para responder às perguntas da humanidade.

Como disse Martin Luter King Jr.: "Não me assusta o grito dos maus, o que me assusta é o silêncio dos bons”.

Jesus disse que somos o sal da terra e a luz do mundo e se o sal se tornar insípido, não tem serventia alguma. A multidão continua faminta e é função da igreja alimentar o povo e dar de comer aos que tem fome. Há, porém, um problema matemático na multiplicação de Cristo, pois, na primeira multiplicação haviam 5 pães e dois peixes e todos se fartaram de tal forma que sobraram 12 cestos cheios, ao passo que, na segunda multiplicação haviam 7 pães e mais peixes e sobraram apenas 7 cestos, ou seja, 5 a menos do que na primeira. Não há lógica nesse cálculo.

É humanamente impossível conseguirmos alimentar tantas pessoas com tão pouco. Além disso, é incoerente sobrar menos quando se tem mais. A única resposta deve ser o número de cestos. Para que possamos admitir esse milagre precisamos sugerir que sobraram menos cestos na segunda multiplicação por ser sete o número de cestos disponíveis.

Portanto, o padrão do Senhor deve se repetir ainda hoje. Nos tempos de Eliseu, por exemplo, havia uma viúva que não tinha o que comer, nem o que vender para pagar aos seus credores, ela tinha apenas um bocado de azeite. O mesmo fenômeno aritmético ocorreu, varias vasilhas ficaram cheias com o milagre da multiplicação. Sabemos que o Senhor não multiplicou mais azeite por não terem mais recipientes que receberiam seu milagre.

Se queremos, de alguma forma, alimentar a multidão e atender as necessidades sociais, precisamos, em primeiro lugar, olhar para Jesus e encontrar as respostas Nele. Ele nos ensinou através desses milagres que o crescimento e o aumento pertence a Ele, cabe a nós apresentarmos apenas os recipientes para que a manifestação do seu poder ocorra. A igreja, portanto, deve apresentar-se como cestos para receber aquilo que Deus quer multiplicar.

O Senhor quer encher cestos com prostitutas, travestis, drogados, pessoas abusadas, excluídas da sociedade, mendigos, viúvas, órfãos, bêbados, viciados em sexo, estupradores, bandidos, pescadores e zelotes. O fato é que os doentes, a quem Cristo veio curar, estão nas ruas, fora da igreja, enquanto nós nos fartamos com nosso evangeliquês medíocre e com nosso movimento gospel cheio de glamour.

Estamos embebedados com a aparência externa do culto, nos esquecemos que devemos produzir frutos e não folhas. Não estamos preparados, essa é a realidade. Somos cestos furados que não conseguem reter os doentes. Infligimos feridas naqueles que precisam de cura. Não existem ex prostitutas nos bancos de nossas igrejas e ex travestis nos púlpitos porque a igreja brasileira não está preparada para receber o milagre de Deus.

O nosso foco está em dançar, gritar e sorrir, enquanto que o foco de Deus está em sangrar, chorar e se angustiar. Os nossos irmãos estão passando privações em suas dispensas e nós só queremos saber de palmas e louvores.

Músicos evangélicos moram em apartamentos de bairros nobres enquanto que missionários morrem no campo por falta de auxilio. Pastores andam de jatos particulares e suas ovelhas vão à igreja de bicicleta. Estamos tão embriagados com esse evangelho pobre e banal, que já não fazemos diferença nenhuma.

A bíblia nos mostra um modelo de igreja que perdurou por alguns anos como um verdadeiro recipiente de milagres e poder. Não os milagres que vemos hoje, mas sim o milagre de transformação de vidas, de mudança social e de sofrimento pela cruz. A igreja descrita em atos, capítulo 2, é um verdadeiro cesto de poder, ousadia e milagre.

Aquela igreja não tinha caixas de som, nem estrutura acústica, não tinha púlpitos de metais preciosos, nem um coral no altar, não haviam bailarinas no louvor, nem instrumentos musicais, a igreja de atos não tinha ar-condicionado, nem uniforme de recepcionistas. A igreja de atos não tinha um palco, ou bancos almofadados.

Aquele igreja não tinha uma estrutura administrativa complexa, quadro de funcionários, presbíteros autoritários, líderes soberbos, crentes invejosos, modas, roupas de grife, anéis, enfim, a igreja de atos não tinha absolutamente nada do que a igreja tem hoje. A igreja de Atos, porém, tinha algo que poucas igrejas de hoje têm, ela tinha Jesus como seu cabeça e soberano, ela tinha a unção de Deus, o revestimento do Espírito e o amor Cristão.

Não era preciso que pessoas fossem designadas para fazerem a recepção, isso acontecia naturalmente. Ninguém era constrangido a dar ofertas, eles vendiam as suas posses e repartiam entre si. Ninguém gastava dinheiro em roupas caras ou carros luxuosos, as casas eram de todos e não havia superioridade, todos deveriam ser iguais. Essa igreja alimentava multidões, essa igreja salgava a terra e iluminava o mundo. Dia-a-dia o Senhor acrescentava-lhes os que iam sendo salvos.

Os líderes não se preocupavam em comprar um terreno ou alugar um espaço para o culto, ele acontecia naturalmente em qualquer lugar onde dois ou três estivessem reunidos. Os ministros eram tão cheios do Espírito Santo que as pessoas eram curadas apenas por passarem por suas sombras. Homens foram ressuscitados, doentes foram curados, famintos foram alimentados, pessoas foram batizadas pelo Espírito e crentes morreram torturados até a morte.

Os crentes dessa igreja eram açoitados, torturados, afogados, decapitados, passavam fome pelo evangelho, ficavam nus e sentiam frio se fosse possível. Os apóstolos eram presos, picados por cobras, perseguidos, zombados, humilhados e queimados vivos.

Hoje temos muitas folhas, mas poucos frutos. Temos muita luz artificial, mas quase nenhuma glória de Cristo. Temos um palco sem cruz e um púlpito sem poder. Uma platéia morna e um bando de urubus no conselho de presbíteros.

Precisamos nos voltar para o padrão das Escrituras e viver o evangelho de maneira radical. Temos que olhar para aquilo que é essencial e abandonar as vestes de grife. Temos que chorar com os que choram e buscar os soldados que estão nos campos de batalha, morrendo aos poucos, agonizando de dor.

P.S.: Preguei esse sermão na igreja do Pr. Jóide Miranda.

Um comentário:

  1. Se nós, que fomos todos sujos ontem na igreja, já nos sentimos constrangidos daquele jeito, imaginem as prostitutas, os mendigos e tantas outras pessoas que passam por lá?!
    Realmente não estamos preparados para lidar com essas pessoas, mas que Deus nos capacite e nos ensine a amar, lembrando que amor também é ATITUDE!

    ResponderExcluir

Agenda

Dia/Atividade

















05, 06 e 07 - Congresso Missão & Ação

07 - Gaj - casa do Oscar - 15h

12 - Gaj - Sesc Arsenal - 19h

14 - Evangelismo no Pascoal Ramos

20, 21 e 22 - Visita aos Jovens Livres

27 - Gaj - casa do Kim - 20h

*Toda sexta-feira vigilia de oração/corujão no terreno da IPC as 23h