Sujeitos à nossa humanidade

“Elias ficou com medo e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de Berseba, que ficava na região de Judá. Deixou ali o seu ajudante e foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim: - Já chega, ó SENHOR Deus! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus antepassados.” 1 Reis 19:3,4

Você já teve um pesadelo ou um sonho tão ruim, que quando acordou foi um alívio perceber que aquilo tudo tinha sido apenas um sonho? É possível que todos nós já tenhamos passado por isso. Mas, e quando você acorda e percebe que o pesadelo é real? Você vive num pesadelo e quando dorme fica aliviado. Existem momentos de nossas vidas que ficar acordado parece um pesadelo, nós dormimos e quando acordamos nos damos conta de que está tudo igual, o pesadelo continua. Se você se sente ou já se sentiu assim, bem vindo ao time! Não ao time dos depressivos, e sim ao time dos seres humanos.

Em Tiago 5:17 está escrito: O profeta Elias era um ser humano como nós. Ele orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e meio não choveu sobre a terra. A humanidade do homem é inerente a ele, mesmo que se torne um cristão. Ainda que sejamos convertidos e nascidos de novo, nós continuamos sujeitos à nossa humanidade. Não estamos mais sob o domínio de nossa carne, mas continuamos seres humanos. Deus pode usar qualquer objeto para cumprir seus propósitos, até mesmo uma mula, ou as pedras. Contudo, o Senhor decidiu, em sua eterna e magnificente sabedoria, usar a homens e mulheres que estão submetidos ao pecado.

Através de Elias, Deus mostrou o seu glorioso e esplendido poder. Deus não usa os mais capazes ou os melhores, Ele usa a quem ele quiser. Saul era um homem formoso e habilidoso, na perspectiva do homem ele era o mais adequado para o trono de Israel, era o homem mais alto daquela região e o povo avaliou-o com base nas características externas, sem levar em consideração a limitação da sua avaliação. O povo escolheu o rei que queria, porém, se esqueceu que era finito e limitado. Deus, entretanto, não levou em consideração aspectos externos ou méritos humanos ao fazer a escolha do rei de Israel. Samuel ficou perplexo quando Deus sinalizou que um jovem com menos de dezoito anos, franzino, ruivo (Isso era motivo de vergonha naqueles dias) e magrelo, deveria assumir o trono de Saul, um gigante formoso e belo.

Mas Deus não vê como o homem vê, Deus tem um ponto de vista diferente. O Senhor escolheu um homem depressivo e com tendências suicidas para ser arrebatado vivo e depois aparecer no monte da transfiguração para Jesus e seus discípulos. Elias pediu a morte e recebeu uma missão, ungir mais dois reis e um profeta. Elias não aguentava mais a perseguição de Jezabel, mas Deus tinha planos mais altos e mais elevados que ele (“...porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaías 55:9). Elias não enxergou solução para a sua vida, viu apenas fracasso e sofrimento, medo e angústia, mas, Deus enxergou propósito e uma carruagem de fogo levando-o vivo ao céu.

Em momentos que tudo parece um pesadelo e a melhor alternativa é dormir, para se esquecer dos problemas, das tribulações, do pecado e até mesmo da vida, Deus está trabalhando em nós, para trabalhar através de nós. O deserto espiritual não é um acontecimento fora do controle de Deus, é, antes disso, uma agenda do Senhor na vida de todos os cristãos. Deus não desperdiça a dor, o fracasso e os erros. O Senhor faz com que tudo isso coopere para o nosso bem. Por esse motivo iremos errar e fracassar sempre para que a graça superabunde? “Claro que não!” Entretanto, Jesus disse: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.” (João 6:37).

Ir a Cristo é a melhor alternativa. Mesmo que haja névoa e fumaça em nossa frente, por trás disso a cruz está. Há uma neblina na vida de todo crente, pois, o crente não deixou de ser humano. Porém, no meio dessa neblina está fincada uma cruz que pode nos resgatar da morte. O calvário é o lugar dos malfeitores, é o lugar dos fracassados, “Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda.” (Lucas 23:33) Calvário em hebraico significa: Caveira. No lugar das trevas Jesus se fez maldição para levar sobre si toda a nossa dor e pecado. E é para esse lugar que devemos ir, entregar o fardo pesado do pecado e da morte e trocar pela crucificação e salvação de Jesus Cristo. É na cruz que encontramos significado e propósito para a nossa vida, é para a cruz que o Espírito Santo nos conduz, e chegando lá Ele aponta para o cordeiro que nos substitui e nos revela um caminho sobremodo excelente. Não durma, nem fuja, para evitar o pesadelo da vida, olhe para o alto e ouça Deus dizer: "Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do SENHOR e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?" (1 Reis 19:9)

Em Cristo,

Allan.

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