Os quatro pilares

O evangelho é algo tão simples que decidimos complicá-lo. Ele consiste basicamente em quatro pilares: 1) “Amar a Deus acima de todas as coisas”, com isso conheceremos o amor do Senhor por nós, passaremos a nos valorizar como realmente somos, várias feridas emocionais serão curadas e cadeias serão quebradas, uma vez que no Éden nosso relacionamento foi quebrado graças ao nosso representante, pela desobediência de Adão nós ficamos destituídos da glória de Deus, pois “todos pecaram”; 2) “Amar o próximo como a ti mesmo”, depois que conhecemos o amor de Deus por nós, e passamos a nos estimar, estamos prontos para nos reconciliar com os outros seres humanos, pois no Éden, Adão acusou Eva e naquele momento o relacionamento foi rompido, agora já não nos amamos mais como deveríamos, sempre acusamos os outros por nossos erros, essa é a famosa síndrome de Adão. Nos escondemos de Deus e ainda por cima culpamos todo o mundo e todos do mundo, mas nunca assumimos o que realmente somos ou fazemos, passamos a transferir a culpa.

O terceiro depende totalmente dos dois primeiros, ou seja, se não nos reconciliarmos com o nosso Criador e não amar ao próximo, então, não conseguiremos ir além na caminhada cristã. Jesus poderia ter resumido a bíblia da maneira que Ele quisesse, mas ele resumiu-a em dois mandamentos que são os nossos dois pilares. O terceiro pilar é: “Negue-se a si mesmo”, e como é difícil fazer isso. É bem certo que ninguém prometeu facilidade, nos prometeram simplicidade, não facilidade. Mas existem maneiras de negar a si mesmo, existem ainda propulsores para essa árdua tarefa, um grande propulsor é o Jejum. Passar um tempo sem se alimentar premeditadamente é um ato de disciplina espiritual que fortalece a ação do Espírito em nós, quando deixamos de comer estamos dizendo para nossa carne que ela não tem poder sobre nós. Assim ganhamos força sobre ela e sob o Poder do Espírito Santo. Negar a si mesmo é ter a coragem de deixar Deus se manifestar através de nós, seremos como espelhos do Pai. João Batista tem uma frase que expressa bem isso, ele disse: “Importa que eu diminua para que Ele cresça em mim.” Esse é o espírito do jogo.

Mas quando podemos negar a nós mesmos? Por onde começamos? O início de tudo é a oração, podemos acrescentar um propulsor a ela que é o jejum, lembrando que ler a bíblia também é orar. Depois disso, nós iniciaremos um processo progressivo que eu vou chamar de “o suicídio”. Sempre que alguém disser algo que você não concordou, mas que você sabe que ao manifestar sua opinião pode causar indigestão na outra pessoa ou criar um “clima ruim” você vai decidir se matar, isso mesmo! Você irá imaginar um enforcamento, um tiro ou até mesmo um sono profundo. Há várias situações nas quais podemos negar a nós mesmos, mas a opinião é um bom começo, sabe aquelas pessoas que dizem: “Eu sou sincera”, ou ainda, “falo o que penso, só isso”, há também aquelas que não conseguem dormir se não disserem o que pensam a respeito de determinados assuntos, ela tem que dar sua opinião CQC (Custe o Que Custar). Ser um homem ou uma mulher de opinião não tem problema nenhum, o que define nossa semelhança com Cristo é exatamente o que faremos com nossa opinião e como faremos para ganhar pessoas através dela. Jesus era um cara de opinião, isso está bem claro nos evangelhos. Se Paulo ainda fosse vivo, e de certa forma o é, pois seus escritos foram inspirados, ele diria: “Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa...Quem é você para julgar o escravo de alguém? Se ele vai vencer ou fracassar, isso é da conta do dono dele. E ele vai vencer porque o Senhor pode fazê-lo.” (Romanos 14) E Salomão então, o que tem para nos dizer sobre esse assunto? “O começo de uma briga é como a primeira rachadura numa represa: é bom parar antes que a coisa piore...Quem controla as suas palavras é sábio, e quem mantém a calma mostra que é inteligente.” (Provérbios 17)

E o quarto pilar, qual é? “Carregue sua cruz, dia-a-dia” é meio que um resumo dos outros três. Carregar a cruz é a implicância de servir e seguir ao Mestre. É o dever de amar a Deus dia-a-dia, de amar ao próximo dia-a-dia ou de negar a si mesmo dia-a-dia. É “dia-a-dia” por que não acontece de uma hora pra outra, é como qualquer exercício físico precisa ser desenvolvido e cada dia que as misericórdias se renovam é uma nova batalha de demonstração de amor por Deus e pelo próximo, de domínio próprio através da atitude de deixar Cristo viver em, e através de, nós. “Precisa-se de perseverança” é a placa que está pregada na bíblia. Precisamos persistir constantemente.

A essência do evangelho consiste nesses quatro pilares, isso significa que se retirarmos um deles é bem possível que a casa irá cair, mais cedo ou mais tarde. Não raro os fariseus trocam as coisas essenciais pelos detalhes, não raro nós somos fariseus, quem sabe todos os dias em algum momento ou o dia todo nós somos uma raça de víboras que precisa da presença de Jeová para queimar o capeta que está ao nosso derredor, com efeito a oração a todo instante é imprescindível, Jesus disse: Vigiai e orai. Precisamos vigiar e orar, precisamos expressar nosso amor por Deus com ações de graças e obediência, precisamos demonstrar carinho ao próximo com atitudes como uma ligação, uma visita, uma oração, um abraço ou até mesmo um silencio no momento certo, precisamos negar a nós mesmos para substituirmos nosso Eu pelo nosso Cristo e faremos isso dia-a-dia como uma planta que se desenvolve aproveitando o melhor da tempestade, o melhor da seca, o melhor do dia e o melhor da noite.

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